domingo, 25 de fevereiro de 2007

118 - Injeção demorada.

Tuga Angerami, era o prefeito de Bauru pelo PMDB. Em meados da década de 80, realiza-se uma reunião para tentar formar uma chapa de consenso, para a renovação do Diretório do Partido. Consenso este que não era defendido pelos tuguistas, que viam a possibilidade de derrotar os grupos de Tidei e Purini, na luta pelo comando partidário.
Entretanto, a reunião caminhava para o consenso, ante os argumentos dos parlamentares e resolveu-se firmar um documento, com o intuito de selar este acordo. Neste momento, Tuga pediu licença aos presentes:
- Olha...enquanto vocês preparam o documento, vou dar uma chegada na farmácia e tomar uma injeção! Concordaram, redigiram o documento e ficaram aguardando o retorno do prefeito, para que seu grupo o assinasse.

Até hoje não retornou!
A injeção, talvez muito dolorida, impediu a formalização do acordo.

117 - Ieu vota em ieu mesmo!

Na eleição para eleição da mesa da Câmara Municipal de Bauru em 1º de fevereiro de 1979, o então vereador Edison Gasparini articulou sua candidatura para a presidência da casa e contava com o apoio de dois vereadores dissidentes da então ARENA – José Queda e Walter Costa -, o que praticamente lhe garantia a vitória, considerando que a casa tinha 17 vereadores, sendo 10 da ARENA e 7 do MDB. Entretanto, descobriu-se a véspera da eleição que os emedebistas Cyro de Aguiar e Irineu Bastos votariam em Ângelo Gonçalves, candidato da situação, garantindo a sua eleição. Depois de muitas articulações Gasparini retirou sua candidatura e os vereadores do MDB apoiaram José Queda, achando que poderiam contar com mais um voto e ganhar a eleição. Cyro e Irineu confirmaram o voto em Ângelo e a expectativa ficou por conta do vereador Lelo.
Chamado a votar, Lelo dirigiu-se ao microfone para declarar seu candidato e assim o fez:

- Vereador José Walter Rodrigues vota no vereador José Walter Rodrigues!

Surpresa geral no plenário e na galeria lotada.
A votação terminou empatada e como Ângelo Gonçalves era mais velho do que José Queda acabou sendo eleito presidente da Câmara.

116 - Grande Bossa!

Cansados, depois de percorrer a região em busca de apoios e votos, chegam ao Skinão, Tidei de Lima, Tom Cardoso, Almino Afonso e outros para saborear um sanduba. O saudoso professor Sérjão, do Instituto e outras escolas, senta e entra na conversa. De repente, vira para o Tom:

- Você foi meu aluno... e o Tidei também!

Olha para o Almino:

- De você, não lembro!
- É o deputado e candidato a senador, Almino Afonso, Sérgio, diz o Tidei.
- Você é o Almino?
- Sim, sou o Almino.
- Você é mesmo o Almino?
- Sim, sou eu mesmo.
- Grande bossa!

Acabou a conversa.

115 - Gozador precoce.

Pedro, filho do amigo Cacau e neto do saudoso Galvão de Moura, demonstra desde cedo ser um gozador costumaz. Ao contrário do lado paterno da família não gosta de futebol e foi com muito custo que o pai conseguiu inscrevê-lo em um campeonato interno de futebol de um clube social da cidade. Pedro disputou duas partidas, não viu nem a cor da bola e para tristeza do pai, não quis mais jogar nenhuma partida. Terminado o campeonato, o time por onde estava inscrito chegou em terceiro lugar e o coordenador do campeonato avisou o pequeno:

- Pedro... amanhã vai ter a solenidade de premiação e você tem que vir receber a sua medalha.

No carro, Pedro vira para o pai:

- Amanhã, o senhor me traz para receber a medalha?
- De modo algum... você não tem direito a medalha alguma, não jogou...
- Tenho direito sim, pai.
- Como?
- Se eu tivesse jogado o time seria o último e não terceiro...

Recebeu a medalha.

114 - Gasparini e Medina.

Quando a EMDURB foi criada, com outra denominação, durante a administração Oswaldo Sbeghen, foi indicado como seu presidente o engenheiro Márcio Antonio Anselmo, e como nos dias atuais, seu nome precisava ter o aval da Câmara Municipal. A Prefeitura enviou o procedimento para nossa Casa de Leis, acostando ao mesmo, um extenso currículo do indicado.
Na sessão que discutia o nome do engenheiro, o vereador Edison Gasparini ao fazer uso da palavra, manifesta uma dúvida:

- O engenheiro Márcio, pelo currículo que o Prefeito enviou deve ser um homem preparado. Só estou estranhando que conste no currículo dele, um curso de especialização em engenharia hidráulica em Paris...

Imediatamente o vereador Inocêncio Medina Garcia solicitou um aparte:

- Nobre vereador Gasparini, o senhor está colocando em dúvida o currículo do Dr. Márcio...
- De modo algum, nobre vereador Medina, estou estranhando este curso de engenharia hidráulica na França...
- Não tem nada o que estranhar, por coincidência, eu estava em São Paulo no dia que o Dr. Márcio embarcou para Paris para fazer este curso, e inclusive até o levei ao aeroporto...
- Muito bem, nobre vereador Medina, você pode tê-lo levado ao aeroporto, ele ter viajado para Paris, mas não para fazer este curso...
- Como não?
- Para este curso não foi, tenho certeza, pois nem consta do currículo dele. Fui eu que marquei com a caneta aqui...

113 - Garotinho e o Bate-bumbo.

Anthony Garotinho era governador do Rio de Janeiro e veio a Bauru realizar uma visita, percorrendo os órgãos de imprensa da cidade. No final da tarde estava nos estúdios da TV Câmara para gravar uma entrevista ao jornalista Nelson Gonçalves. Não agüentei e adentrei ao estúdio:

- Governador, qual é a sua religião mesmo?
- Presbiteriano! Porque?
- Sou “bate-bumbo” e lhe preparei uma surpresa. Quando o senhor imaginou que hoje estaria gravando uma entrevista ao Nelson Gonçalves?
- Como?
- Taí! O senhor vai ser entrevistado pelo Nersão! Depois dessa é de boa valia não brincar comigo!

Gargalhadas gerais!

112 - Gaveta Cheia.

Belmont, depois de uma temporada fora , voltou para nossa cidade. E diferente! Sempre andava de bom humor e depois do amargo regresso anda um tanto ácido, avoado, tenso, como se para trás houvesse deixado algum segredo de estado. Dias atrás o questionei sobre a vida profissional:

- Tá boa!
- Tranqüilo?
- Ah... sim! Você sabe que gaveta que tem muito dinheiro... sempre cai uns miúdos no chão, né?

111 -Frutas com a letra “B”.

O nosso conhecido Médinho, ex-jogador de futebol e hoje, criador de pássaros, gosta de tirar o “sarro” em todo mundo, entretanto, esconde os “causos” onde foi o protagonista. Quando jogava futebol, certa vez o treinador proibiu o jogo de cartas na concentração e os atletas começaram a buscar alternativas para passar o tempo. Um grupo resolveu fazer o “jogo da fruta” e o sorteado tinha que dizer “três” nomes de frutas que começassem com uma letra do alfabeto. Médinho foi sorteado com a letra “B” e não teve dúvidas:

- Banana, Bacate e Bacaxi... fácil demais... manda outra!

110- Folclore futebolístico bauruense.

“Quem é que não se lembra do Virgílio, aquele crioulo forte, revelado pelo XV de Jau e que jogou muito tempo no Noroeste?
Virgílio era de lascar, sendo que certa vez retrucou o conselho do médico sobre um dente que doía. Estava com um dente inflamado que, por isso, provocava constantes inflamações, com problemas de foco. Ao examinar esse dente, o dr. Victor Barosa, médico do clube, acabou por sugerir:

- É, Virgílio, você terá que extrair esse dente, senão, não vai jogar tão cedo!

A reação do jogador foi imediata:

- Extrair uma merda, vou é arrancar no duro!

Virgílio é o mesmo que chegou com o Noroeste na Bolívia, lascando um castelhano de doer, ao entrar em uma boate, empostou a voz e pediu uma “Cueca-Cuela”.
Certa vez estava para reformar o contrato, quando foi aconselhado por colegas do time, que achavam que pelo fato de ser analfabeto, seria facilmente dobrado pelos diretores. Falaram:

- Se te chamarem para a renovação do contrato, não aceite menos que oitocentos contos de luvas.

Darcy César Improta, o presidente de então, considerando ser uma mão de obra muito grande conversar com o complicado Virgílio, transferiu a tarefa para Nobuji Nagashawa que, pela sua filosofia, reunia melhores condições de falar com o atleta. Lá foi o seu Nagashawa conversar com Virgílio, em um papo mais ou menos assim:

- Birgilio, presidente mandô reforma seu contrato e eu resorbí dar um miron de ruva, você aceita non?
Virgílio sacudiu a cabeça e respondeu:

- Discurpa, seu Nagashawa, mas não assino por menos de 800 contos!”.

109 - Foice e o Martelo.

O presidente da FEPASA no início do governo Montoro, Cyro de Laurenza veio a Bauru com sua equipe vistoriar a sede da empresa e manter contatos com as autoridades locais. O então prefeito Tuga Angerami levou-os ao “pontilhão” da Avenida Nações Unidas, que por questões de projeto e execução enchia d’água nos dias de chuva. Solução técnica praticamente impossível, segundo os técnicos da FEPASA. O prefeito argumentava e não conseguia que a FEPASA elevasse a altura de seus trilhos, única solução para se melhorar a questão das enchentes. Em certo momento acabou por dizer:

- A água desce a Nações cortando tudo... com a força de uma foice...

O engº Mario Arduin Gabrieli, Secretário Municipal do Planejamento, completou:

- E quando chega aqui no pontilhão encontra com a água do córrego, com a força de um martelo. Destrói tudo!

108 - Filosofia do Guarú.

Sempre atrás do balcão, de sua casa especializada em suco de cevada, lá no Jardim Petrópolis, Guarú escuta um, outro e vai emitindo sua opinião. Dias desses, o pau quebrava com discussão acalorada sobre voto nulo, voto secreto, quando o nosso filosofo interrompe a conversa e com a voz pausada, fala em bom tom para todos ouvirem:

- O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim , afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato.

Acabou a conversa.

107- - Filho de peixe... peixinho é!

Carlos José Galvão de Moura, o Cacau, hoje comentarista esportivo da Rádio Auri Verde, tal qual o saudoso pai, é um tremendo gozador. Certo dia, estava acertando sua inscrição para disputar um campeonato de futebol interno de um clube da cidade, quando foi perguntado se o amigo J. Augusto também jogava futebol, e respondeu de pronto:

- Joga... mas não pode ficar no banco!
- Porque? Fica bravo?
- Não... senão os cupins de sua perna de pau... passam para o banco!

106 - Ficaram só os carnês...

Zébur, conhecido morador de Vila Falcão, gozador costumaz, costuma de quando em quando entrar em fria. Estive lá no Bar do Ditão, em companhia do Zito e do Sarico? Choveram histórias para o Politicando. E várias do amigo Zébur. A principal delas é que, apaixonado por uma bela morena, apelidada de Moranguinho, em virtude de uma suposta timidez e iludido com alguns olhares furtivos, alugou uma casa, foi em lojas comerciais da cidade e a mobiliou condignamente para acolher a sua princesa, aquela que mecheu de verdade com o seu sofrido coração. No último sábado, a decepção. A princesa casou-se em uma cidade da região. Segundo um conhecido vendedor de CD’S e DVD’S genéricos, dava dó da tristeza do amigo:- Jayminho... o que faço agora com os carnês das Casas Bahia?- Paga, né! Ou vai para o SPC! Daí vai ficar bonito... sem muié e com o nome sujo!
Na mesa do lado, Mané Bambu ria e prometia compor o “Choro do Zébur”.

105-Feijão? Só com farinha de milho!

Em 64 ou 65, moleque ainda, fui com meu pai e Julião, ex-goleiro do Noroeste, pescar no rio Batalha, em uma propriedade rural de amigos do Julião. Se a memória não falha, o nome deste pessoal era Sidraque. Uma chuva danada, nos deixou ilhados no sítio e o pessoal, humilde e amigo, providenciou uma refeição para os três aprendizes de pirangueiro. Arroz, feijão, salada e lambari frito. Comida na mesa, Julião pergunta:

- Dona Maria, não tem uma farinha aí?
- Não tem não, seo Julião... a chuva não deixou a gente ir na venda...

Julião coçou a cabeça, pensou, levantou e foi até suas tralhas de pesca, onde pegou um saquinho que continha minhocas que seriam usadas para isca e farinha de milho. Não teve dúvidas, esparramou tudo e foi jogando as minhocas fora, preservando a farinha de milho. Terminada a separação, juntou a farinha e perguntou:

- Vocês querem farinha?
- Não... obrigado!
- Minhoca é limpa e não consigo comer feijão sem farinha! Dão licença!

104- Fanatismo corintiano.

No dia que o Corintians decidia o titulo mundial interclubes contra o Vasco, estava juntamente com o jornalista Gerson de Souza e o Pedro Romualdo em uma lanchonete da avenida Getulio Vargas, que não tinha T.V. e o Gerson desesperado para saber do resultado de seu coringão. Não agüentou, passou a mão no celular em cima da mesa e ligou para seu compadre:

- E daí, Paínha? Como é que tá o jogo?
- É? Verdade? Decisão por pênaltis?
- O Dida defendeu! Legal!
- Quem vai chutar agora?
- Marcou? Vivaaa!

E esta transmissão dos pênaltis, demorou bem uns cinco, seis minutos, até que o Pedro Romualdo me cutucou:

- Pô! Que cara fanático... gastando uma grana só para saber do resultado do Corintians!
- Também acho! E o pior que é com o seu celular, né!
- Ahnnn! È verdade! Gerson devolve meu celular!
- Carma, Pedrão! O Rincon vai bater o quarto pênalti!
- Porra! Devolve meu celular! Sou santista!

103 - Fanatismo anticomunista.

“Um fanático anticomunista de uma cidade do interior do Rio Grande do Sul conversava em um botequim, depois do Golpe de 64:

- Vocês ficavam dizendo que os militares fizeram uma injustiça com Brizola expulsando-o do país porque era comunista.
- Comunista, como? Brizola nunca foi comunista.
- Era comunista escondido. Tanto que foi para Moscou e está lá!
- Nada disso! Está ali no Uruguai.
- No Uruguai nada, está em Moscou. Olha aqui o jornal: “Leonid Brejnev, em Moscou, disse ontem...”
- E o que tem Leonid Brejnev com Leonel Brizola?
- Então vocês não percebem o pseudônimo?”

Vá enxergar jacaré em baixo da cama assim lá em... Mococa!

102- Fala para ele passar em casa...

O saudoso Edson Francisco, era e é, conhecido por seu humor refinado e “tiradas” rápidas nas conversas. Certa vez, no final dos anos 80, tomava um café com o “Branquinho” lá no Bar Cinelândia, quando se aproximou um cidadão, conhecido “mordedor” da época, que encostou e puxou conversa, com a nítida intenção de conseguir café, cachaça, cigarro ou mesmo um palito de fósforo. Qualquer coisa que ganhasse, era lucro. Dirigiu-se ao Edson:

- Dotô... o senhor não adivinha com quem estava jogando dominó, ali na Praça Rui Barbosa...
- Nem faço idéia...
- Com o seu pai... bacana o véio, né?
- Muito bacana!
- Ele gosta muito do senhor!
- É?
- Só fala do senhor!

Edson colocou a mão no bolso, tirou um cartão de visitas, entregou ao interlocutor e de “bate pronto” respondeu:

- Faz um favor... volta lá e entrega meu cartão pro velho... acho que ele perdeu meu endereço! Faz uns quinze anos que saiu de casa, vestido “num pijamão de madeira” e nunca mais voltou!
O “serra” ficou sem graça, deu meia volta e desapareceu.

101- Fabião, o bom de tiro.

Quando sobrava um final de semana livre, no final dos anos setenta, tínhamos como hábito acampar na propriedade rural do senhor Victorino Dota, lá no Clavinote, em Avaí. A maioria era militante do MR-8 e certo dia resolvemos treinar tiro, afinal, a revolução do proletariado estava próxima e precisávamos estar preparados para o embate. Chegou a vez do Fábio Negrão atirar. Apanhou o “treisoitão”, olhou e alguém jogou uma latinha de cerveja para o alto. Fábio, de primeira, acertou o alvo móvel.

- Vou jogar outra, gritou o Ladeira.
- Chega, diz secamente o Fábio.
- Ué... parou?
- Não vou querer arranhar o prestígio, né camarada.

Risadas gerais no descontraído acampamento.

100 - Astronauta e Tevez.

Conversando em São Paulo com o companheiro Ivan Gibin de Matos, sou apresentado a João Pieroni, com laços de amizade e de parentesco em nossa cidade. Chega uma quarta pessoa e começa a falar sobre a missão espacial da qual participou o bauruense Marcos Pontes:

- Tanta gente passando necessidade e o Brasil gasta dez milhões de dólares em uma carona...
- O Corinthians gastou vinte para trazer um argentino para cá e ninguém fala nada, pô!, responde o amigo Pieroni.

99 - Extinção por ineficiência...

Vou lá na Vila Ipiranga, tomar um suco de cevada no Neco e encontro com Burcão, o maior “filosófo de botequin” de nossa cidade.

- Viu, ô Chinelo?
- O quê?
- O prefeito vai extinguir a SEAR e a SAGRA...
- Vi...
- Disse que elas não funcionam direito... tem que extinguir!
- É...
- Se é assim... deveria extinguir o gabinete do prefeito, cê não acha?
- Não entendi?
- Como não. Quer coisa mais inoperante que o gabinete do prefeito?

98 - Excesso de peso no avião!

Nédinho, ex-atleta, passarinheiro, figura conhecida em nossa cidade como gozador que não costuma perder uma oportunidade para tirar sarro e rir gostoso dos trotes que passa, estava quieto em sua casa vendo os bicudos cantarem, quando chegaram duas amigas de sua esposa, a Isabel. Vinham se despedir, pois estavam com viagem marcada para a Europa. Contentes, alegres, pela oportunidade de conhecerem o velho mundo.
Nédinho olhou, mediu, observou o peso das duas e a idéia maquiavélica pintou em sua cabeça. Quando foram embora nosso amigo olhava impaciente para o relógio e quando sua esposa saiu, correu para o telefone, ligando para Margarida, uma das viajantes:

Dona Margarida?
- Sim! Quem é?
- Aqui é o comandante Teófilo da Varig!
- Pois não?
- Estava verificando a lista de passageiros para Roma, e vi que a senhora e dona Valquiria vão viajar... e sou o comandante do vôo...
- Sim?
- Posso ser indiscreto?
- Lógico...
- As senhoras fizeram regime... perderam peso?
- Como?
- Estava vendo que as senhoras são um tanto quanto obesas....
- Hein?
- Sim... e estou preocupado com excesso de peso na aeronave...
- Como?
- Sim... pois consultei o peso das senhoras com o engenheiro de segurança e ele diz que as senhoras colocarão em risco... a estabilidade do avião...
- Isso é brincadeira?
- Infelizmente não! São normas da empresa... prezamos pela segurança de nossos passageiros... e o peso das senhoras colocará em risco a todos...
- E como fazer?
- Tenho duas propostas...
- Quais...
- As senhoras não embarcam e devolvemos o dinheiro das passagens...
- O que?
- - Sim... ou as senhoras compram mais duas passagens.... e as poltronas ficam vazias... para fazer contrapeso no avião... e como as poltronas não serão ocupadas... a companhia concederá um desconto de 20% para estas...
- Comandante?
- Pois não...
- Não dá para aumentar o desconto para 30%?

97 - Eta seguro bão, sô!

Esta não é de política partidária e sim de relacionamento empresarial.
O carro do Claudemir, um amigo taxista aqui de Sorocaba, quebrou e ele acionou o seguro. Rapidamente chegou ao local a equipe de socorro que constatou a impossibilidade de realizar o concerto no local e acionaram o guincho. O guincho foi ao local, removeu o veículo danificado e avisou ao amigo para que aguardasse, pois a seguradora havia providenciado um táxi para sua locomoção.

- Não é preciso táxi, vou a pé mesmo...
- Não senhor! Aguarde o táxi, por favor!

Claudemir deu uma olhada na região, localizou um estabelecimento que comercializa bebidas etílicas e resolveu aguardar, com a calma que Deus lhe deu. Passou meia hora, uma hora e nada do táxi aparecer. Ligou na seguradora e foi informado que o socorro estava a caminho e que aguardasse mais um pouquinho.
Meia hora depois, chegou o táxi enviado pela seguradora. Como Claudemir não conhecia o motorista, resolveu perguntar:

- De que ponto você é, amigo?
- Sou de Osasco!
- Osasco?
- Desculpe... esta foi a razão de minha demora! Aonde o senhor vai?
- É... você não vai acreditar... vou na esquina de baixo!

O carro havia quebrado a um quarteirão e pouco de sua casa. Como a seguradora gosta de oferecer conforto a seus clientes nem se importou em deslocar um carro por 200 quilômetros, para fazer um socorro de 200 metros.

96 - Este cara é ÇB!

Estava acompanhando o companheiro Carlos Roberto Pittoli em 2002, quando este foi candidato a governador pelo PSB e tivemos um compromisso no bairro de Perus, na cidade de São Paulo. Dia chuvoso e as ruas sem calçamento, transformaram o nosso dia em maravilhoso. Atolando o pé no barro lembrava do Amadeu’s, do Mochila’s e o bom humor ia indo embora. Nisso, um cidadão que não era bem um cidadão e sim um guarda roupa ambulante, dirigiu-se para o meu lado. Sem exagero algum, media uns dois metros de altura por outro tanto de largura. Chegou e foi colocando as mãos em meus ombros. Pensei em começar a orar e de imediato lembrei que não sei fazer essas coisas. Simplesmente paralisei, tão-somente sentindo um ronco forte na barriga, que depois descobri ser o principal sintoma de uma doença chamada “diarréia nervosa”. O cidadão pergunta:

- Ô mano... aquele camarada ali é poliça?
- Não... não é não!
- Vi na TV que ele é sargento!
- Sim... é sargento do exército e foi cassado pela ditadura de 64...
- Ah...bão!

Afastou-se, indo em direção ao Pittoli. Cumprimentou e tascou:

- Você é ÇB, cara!

Pittoli mediu o guarda roupa, cofiou o bigode e arriscou:

- ÇB? O que é isso?
- Sangue bão, cara!

Rimos e o sargento completou:

- Ah... é! Obrigado...ô JB!
- JB?
- Sim... você é gente boa, cara! Conto com seu voto!

Saímos aliviados e ilesos.

95 - Esta cerveja faz mal...

O amigo Antonio Faria Neto costuma bater no peito e dizer que só bebe cerveja Antarctica. Dias atrás o encontrei no calçadão e resolvemos tomar uma cerva juntos. Chegamos a lanchonete do Wagnão e Faria fez o seu tradicional pedido:

- Garçom, uma Antarctica bem gelada!
- Ô Faria... hoje só tenho Skol!
- Verdade?
- Gosto de Antarctica!
- Hoje... só tenho a Skol... o Fernandão do Palmito acabou com a Antarctica!
- Skol? Não desce legal!
- É... dizem que a Skol é cerveja para macho!
- Sei que não fazer bem... mas dá uma!

E.T: Antes do vereador “made in Pirajuí” ficar bravo, vou explicando que meu companheiro de mesa era o seu homônimo e motorista aposentado do estado.

94- Eu fico de plantão!

Edson Francisco era uma grande figura.
Culto, bem informado, inteligente e mordaz.
Sempre participava das reuniões onde discutíamos as ações que faríamos para contestar o regime militar. Era ativo e sempre tinha novos planos para pichações, distribuições de panfletos, passeatas, etc...
Na hora da escolha dos militantes para a execução das tarefas agendadas, a posição de Edson Francisco sempre era a mesma:

- Eu fico de plantão no escritório... para qualquer emergência!

Definitivamente nosso amigo e irmão não era chegado a prática, muito embora fosse um grande teórico.
Em final dos anos 70, os sandinistas derrubam Anastácio Somoza e a guerrilha avança em El Salvador. Um grupo de militantes da esquerda bauruense começa a conversar sobre a possibilidade de irem para aquele país e se engajarem na luta
Edson Francisco concorda com a idéia e faz um brilhante discurso de apoio a idéia, e mais, manifesta o desejo de ir junto, fazendo parte do hipotético grupo guerrilheiro bauruense.
Um dos militantes, senão me engano, o Fábio Negrão aparteia:

- Você vai mesmo, companheiro?
- Vou!
- E vai ficar de plantão onde? Na Nicarágua?

Risos gerais e a expedição guerrilheira para a libertação de El Salvador não saiu do campo das idéias.

93 - Esta foto você não vai publicar...

Correligionários bauruenses organizaram um almoço nas dependências do Bauru Atlético Clube para o General João Baptista de Oliveira Figueiredo e o sempre atento repórter fotográfico Pedro Romualdo percebeu quando o general equivocadamente adentrou ao banheiro feminino. Posicionou-se e na saída da autoridade disparou o flash. De imediato, foi seguro por um guarda-roupas que fazia a segurança:

- Esta foto você não vai publicar nunca, entendeu?
- Claro... lógico que entendi... tira o filme e devolve a máquina, por favor...

92 - Está escrito...

Esta foi do ex-vereador e ex-prefeito de Bauru Edison Bastos Gasparini, militante do antigo Partidão (PCB). Certo dia, não se sabe o motivo, defendia a aprovação de uma moção de aplausos a um conhecido político considerado de direita. Galeria lotada de estudantes, com os militantes da esquerda atônitos com a posição do “Baixinho”.
O vereador pela Arena Walter Costa, falando da tribuna, afirmou que votaria contrariamente à moção, pelo fato de o cidadão que Gasparini queria homenagear estar sendo acusado de manter contas secretas na Suíça. Gasparini soltou então a sua última tentativa de defesa: - Na Bíblia está escrito que de um cadáver podre e em decomposição muitas vezes aproveita-se um dente!
O pastor evangélico e vereador Lelo Rodrigues solicitou um aparte: - Vereador Gasparini, sou um estudioso da Bíblia e nunca li esta passagem. Poderia me dizer onde encontrá-la?
- Vereador Lelo, se não está na Bíblia, está no Corão ou no Evangelho de São Cipriano! Em algum destes livros importantes está escrito... Tenha a certeza disto!!!!!
E ponto final.

91 - Esqueletinho de sardinha...

No final dos anos 70, início dos anos 80, a república onde morava o Marcelo Borges, na rua Ezequiel Ramos esquina com Gustavo Maciel, era o grande “point” dos estudantes alinhados “à esquerda” e local onde eram realizadas tanto reuniões políticas como festas. Durante o carnaval de 1980, resolvemos fazer uma sardinhada no local. Bauruenses que estudavam fora, como a saudosa Nara Bueno de Camargo ou que estavam adentrando ao mercado de trabalho, como a amiga Kitty Ballieiro se fizeram presentes nesta memorável festança. Ocorre que, limpamos as sardinhas no tanque da área de serviço e esquecemos de colocar suas barrigadas, escamas no lixo. Depois da festa, o amigo Marcelo desapareceu da cidade por vários dias, tendo retornado somente para o início das aulas, acabando por passar em minha casa, na época na Vila Falcão, onde ficou a conversar comigo e com minha mãe. Perguntei:

- Sumiu esses dias, ô Marcelo?
- Humm, resmungou, com um sorriso irônico.
- O que foi?
- Dona Alzira... fizemos uma sardinhada lá na república... seu filho limpou as sardinhas e deixou a barrigada lá no tanque... acordei no dia seguinte... tava aquele cheiro de peixe estragado... a república toda suja e fedendo peixe...
Começamos a rir, Marcelo continuou:
- Resolvi descer e tomar um café no português... na hora que abri a porta... tinha gato até de Botucatu... miando desesperados e querendo entrar... voltei, peguei minha mochila e fui embora para Rio Preto...
Ríamos e Marcelo finalizou:
- ...tinha esqueletinho de sardinha para todo o canto... em baixo das camas... em cima do sofá... tá loco, sô!

90- Empatamos!

Nos bons tempos, que os mais antigos dizem que cachorro era amarrado com lingüiça, as contas em estabelecimentos comerciais eram pagas semestralmente, geralmente na época da comercialização das safras agrícolas. Em Arealva, não era diferente.
O cidadão tinha um pequeno botequin, com pequeno e controlado estoque, um ou outro doce, vivendo com dificuldades para sustentar a considerável prole que possuía. Comprava na farmácia, mandava marcar e o tempo passava sem acerto da conta.
Dois anos se passaram e o farmacêutico resolveu fazer uma visita ao cliente. Educadamente disse:

- Meu amigo, precisamos fazer um acerto de sua conta... já fazem dois anos que você não paga a farmácia... e estou precisando de dinheiro...
- Tudo bem! Quando estou devendo lá?
- Sua dívida está em “centos contos”!
- Precisamos fazer um acerto... e também seus filhos passam sempre aqui no bar... compram uns docinhos, uns refrescos e mandam marcar...
- Tudo bem... descontamos e fazemos um acerto.
- Um momento...

O dono do botequin foi para o fundo do estabelecimento, retornando depois de algum tempo, com um caderno na mão:

- Empatemos, meu amigo. Seus filhos também gastaram “centos contos” aqui no bar!!!

A situação virou folclore em Arealva, pois o valor da conta apresentado pelo dono do bar dava para quintuplicar seu estoque.

89 - Em Bauru o povo só vai a comício depois do espoucar dos rojões.

Estava subindo a avenida Rodrigues Alves juntamente com o Marcelo Borges em 1978, em busca de um estabelecimento que comercializasse bebidas etílicas e não exigisse pagamento à vista, quando vimos na esquina da Avenida com rua Rio Branco um palco armado e uma banda de música afinando os instrumentos. Comício com certeza.
De longe vimos uma bandeira do antigo MDB e resolvemos nos aproximar, descobrindo que o showmício era do candidato a Deputado Estadual Walter Auada.
Conversando com o coordenador de sua campanha, Gonçalo – lembra dele, Marcelo? – este se mostrava desanimado com a inexistência de público.

- Pô... um conjunto bom, excelente show e não vem ninguém!!
- Vocês já soltaram os rojões? – perguntei, dando uma piscadela pro Marcelão.
- Rojões? Não! Porque?
- Em Bauru o povo só vem para o comício depois que soltam rojões. É o sinal de que vai começar!, falou sério o Marcelo.
- Meu Deus! Eu não sabia disso! Vocês sabem onde vende rojão?
Como sabíamos, o Gonçalo nos deu um bom dinheiro para comprarmos “trocentas” caixas de rojão. Fomos no Luciano compramos, ganhamos uma comissão e uma bela gorjeta do Gonçalo.
Fomos para o Skinão tomar uma gelada, sem precisar pedir pro Zé pendurar e escutar o espoucar dos morteiros.
Uma hora depois o “seo” Zé do Skinão estava bravo:

- Não tem ninguém lá no comício deste cara e não para de soltar rojão. O que eles estão querendo?
- Chamando o público, “seo” Zé!
- Estouraram rojões à vontade e o público falhou.

O duro foi arrumar explicações para o desconsolado Gonçalo que além de tudo saiu com a mão machucada de nossa cidade.
Além do público não atender o chamado dos rojões um deles explodiu em sua mão.
O importante é que gostou da atenção dispensada pela gente e até pagou a conta do Skinão.

88 - Elevador para o povo!

Candidato a prefeito pelo então MDB, em 1976, Toninho Fortunato foi fazer um comício em Vila Falcão. Noite fria, pleno inverno, os Mandrakes da Bela Vista – atração musical de seus showmícios – não conseguiu atrair público para o evento e pouco mais de meia centena de pessoas estavam reunidas para ouvir os candidatos do manda brasa. Sobe o candidato a prefeito para fazer o discurso e querendo elevar o animo do público, tasca:

- Vocês vão me eleger prefeito desta cidade e uma vez eleito, vou acabar com muita coisa errada lá nas Cerejeiras. Vou acabar com esse negócio do prefeito subir de elevador e o povo pelas escadas... vamos todos subir de elevador... o prefeito e o povo!

Passados trinta anos, hoje na maioria dos dias, nem o prefeito e muito menos o povo usa o elevador das Cerejeiras. Vive quebrado!

87- Ele é mais bonitinho...

Acompanhamos o amigo e candidato a governador Carlos Roberto Pittoli, a debate nas eleições de 2002, realizado pela Rede Record e mediado pelo jornalista Boris Casoy. Estafante e longo debate, com mais de quatro horas de duração, em verdadeiro teste físico aos postulantes ao cargo. Ao final, o mediador abriu espaço para as considerações finais dos candidatos e Pittoli, cansado, agradece aos telespectadores da Rede Globo. Imediatamente é apartado pelo mediador:

- Estamos na Rede Record, Pittoli...
- Desculpe a nossa falha, agradeço aos telespectadores da Record.

Foi um momento de descontração no monótono debate e toda a imprensa citou a gafe do camarada. Terminado o debate, dirigiu-se ao mediador:

- Boris... se você não me corrige, iria agradecer o Cid Moreira...

Foi imediatamente interrompido pelo então candidato a vice-governador, Cláudio Lembo:

- Que é isso, Pittoli. O Boris é mais bonitinho...

86– E a Bíblia?

Quando estourou o golpe militar de 1º de Abril, o então líder estudantil Saad Zogheib Sobrinho conseguiu escapulir, encontrando refúgio na propriedade rural de José Victorino Dota, lá no Clavinote, no município de Avaí. Decorridas duas semanas ou mais, entendendo que o movimento golpista tinha acalmado resolveu retornar para a cidade, preocupado com os excessos de faltas no trabalho e na escola. Foi preso em 21 de Abril pela Frente Anticomunista – FAC -, capitaneada pelo promotor público Silvio Marques Junior e conduzido a Cadeia Pública local. Antes, resolveram dar uma geral em sua residência, em busca de material subversivo. Ao saírem, Saad virou-se calmamente para o coordenador da FAC:

- O senhor não vai apreender a Bíblia sagrada?
- Não! Por que iria apreender a Bíblia?
Para dizer a verdade, este é o livro mais subversivo que já li em minha vida! Prega a liberdade, a igualdade, à justiça social... pena que seus ensinamentos não são aplicados... e se fossem, teríamos uma verdadeira revolução social em nosso mundo....

85 - É rápido... vou embora já!

Preso pelos legionários da FAC, em virtude de denúncias de colegas de serviço, o então jovem Lauro Caputo é conduzido para a cela. Um dos presos, dirigiu-se ao Lauro:

- Tira os sapatos, guarda na “sapateira” e toma uma ducha para esfriar a cabeça!
- Não precisa... vou embora rápido, responde o amigo Lauro.
- Sei que vai, responde o Olavo Gil Fernandes. Faz uma semana que estou aqui e achava que ia ficar cinco minutinhos.
De fato, Lauro completou uma quinzena como refém da FAC.

84- DOSE CERTA!

Quem me conhece, sabe que gosto de suco de cevada espumante e raramente busco variações etílicas. No Congresso de Reconstrução da UNE, em Salvador, em maio de 1979, o “poderoso chefe” de nossa delegação, o hoje vereador Marcelo Borges me entregou uma papeleta (cuidado com a revisão!) onde estava o nome e endereço da pessoa que iria me hospedar, juntamente com o Arnaldo, estudante da ITE. Ri muito quando li o nome de nosso anfitrião: Dr. Vermouth e disse ao Marcelinho:

- Espero que na casa de Vermouth não falte suco de cevada!

Na realidade, o danado do anfitrião morava em um pequeno prédio de três andares, sem porteiro e de nada adiantou chamarmos, gritarmos, pois a porta não se abriu e acabamos dormindo ao relento, na Praça Campo Grande. Depois de três dias em Salvador, percebíamos que quando Marcelinho chegava nas plenárias, um clarão se abria ao seu redor e não desconfiávamos sobre o real motivo. Depois de mais de vinte anos, seu fiel escudeiro, o João Roberto Queiróz, popular João Grandão, nos contou da perda da mala e da cueca, pretensamente engomada, do Marcelinho.
Portanto, não encontramos o danado do Vermouth e não exageramos na dose, da mesma forma não perdemos a mala.
Aliás, a mala.... deixa para lá!

83- Despejo do felino.

Barbados, lá no agreste pernambucano está se transformando em uma nova Sucupira, tantas são as trapalhadas armadas pelos integrantes da administração. A última notícia que nos chega é que tentaram despejar um inocente gato (de quatro pernas) do edifício sede da municipalidade. O pobre e respeitado animal reside naquele local há mais de dez anos, tendo presenciado a posse e o governo de vários prefeitos daquela localidade. Testemunha ocular e silenciosa de acertos, erros que aconteceram naquele prédio, que dizem ser habitado igualmente pela alma de um prefeito já falecido. Ambos, tanto o gato como o falecido ex, tudo ouvem e nada falam. Dois ou três assessores do prefeito, que se julgam príncipes herdeiros do trono, enciumados com a intimidade do gato com o poder, resolveram despejá-lo de forma autoritária. Nem os baixos salários e péssimas condições de trabalho conseguiram mobilizar tanto os “barnabés” que ameaçaram decretar greve em caso de consumação do despejo. Com o apoio da massa popular o despejo do felino foi suspenso para felicidade dos defensores dos animais e o mesmo continua ressonando nos corredores e balcões da municipalidade barbadense. Seus defensores estão em estado de alerta e de olho nos príncipes herdeiros com o receio de que estes na calada da noite desapareçam com o pobre felino.
Ainda bem que estas coisas não acontecem na nossa querida Bauru...

82- Dudu Ranieri e o comício.

Coligados PPS e PFL.
Dudu era o vice de Nilson.
Rubens de Souza, o presidente do PPS.
Falando em um comício da coligação, Dudu diz que fosse prefeito por trinta dias, construiria uma avenida ligando a Vila Giunta a Quinta Ranieri e concluiu, olhando firme para o Rubão:
- E vou batizá-la com o nome de Marginal Rubens de Souza!!!

81- Depor.

Preso durante o Estado Novo, no navio prisão D. Pedro I , Aparício Torelli, o Barão de Itararé costumava levar o cotidiano na gozação. Certo dia, logo cedo uma lancha conduzindo agentes do DOPS atracou e agentes subiram a bordo. Logo depois um agente chama:

- Aparício Torelli?
Silêncio.
- Aparício Torelli!
- Presente!
- Vamos logo!
- Onde?
- Depor.
- O governo? Impossível! Não tenho nem homens e muito menos, armas!

Lido em José Duarte, o maquinista da história de Luís Momesso.

80 - De frango, a coxa não era!

João Roberto Queiróz, o João Grandão, ex-diretor da UEE no final dos anos 70 e engenheiro formado na antiga FEB, hoje residente em São José dos Campos, no segundo semestre de 1979 foi com uma delegação de Bauru assistir ao Congresso da SBPC, em Fortaleza, Ceará.
Rodaram quilômetros e mais quilômetros já no nordeste e não encontrava um restaurante a beira da estrada para saciar a fome. Enfim localizaram um e fizeram a parada para almoço. Ao invés de um, existiam dois restaurantes no local. No primeiro, os estudantes acharam a refeição cara e deixando os professores no local, dirigiram-se para o restaurante vizinho onde encontraram alimentação em preço compatível com o pouco dinheiro que tinham no bolso. Arroz, feijão, salada e frango frito.
Bom demais para estudantes esfomeados.
Caíram em cima do “rango” tal qual um bando de esfomeados e rapidinho a travessa com frango acabou. A dona do restaurante colocou outra cheia e a estudantada fez “escopa” em um piscar de olhos. Por três ou quatros vezes a travessa foi trocada e a estudantada entendendo que era o melhor frango que haviam comido na vida.
Ao saírem do restaurante, viram em uma árvore próxima um bando de urubus e um estalo veio a cabeça do João:

- Negada... bem que tava achando as coxas grandes demais! Comemos urubus!

Estomago embrulhado tomaram o ônibus para seguir viagem e no retorno para nossa cidade contava para os amigos que haviam comido gato por lebre, ou melhor, urubu por frango.
Um dia, contava o caso para Alzira, minha mãe, e esta disse:

- Ô João... carne de urubu não cozinha!
- Não cozinha, dona Alzira? Mas coxa de frango não era! Era urubu mesmo...

E nada mudava a opinião do camarada João. Decorridos tantos anos será que mudou?

79- Dupla atividade no palanque.

Quem conta esta é o amigo Isaias Daiben.
Em 1976, pela primeira vez, o velho MDB lançou candidatos a Prefeitura Municipal de Bauru e como vivíamos o período do bipartidarismo, cada partido podia lançar três candidatos. Uma das sublegendas do MDB era composta por Antonio Fortunato e Milton Dota que acabou terminando a disputa em último lugar. Faltando dinheiro para a campanha, os comícios da dobradinha eram realizados em um caminhão do depósito de materiais de construção do Fortunato, fato este que muitas vezes atrasava o início dos eventos, pois o caminhão tinha que primeiro que fazer as entregas do dia. Isto não era nada. O pior é que no meio da campanha os músicos contratados debandaram e a solução foi improvisar. Fortunato e Dota colocavam camisas “xadrez”, chapéu de palha, afinavam a viola e subiam ao palanque, cantando em dueto sofrível algumas modas de viola. Quando enxergavam algumas dezenas de pessoas, piscavam um para o outro, desciam do palanque, trocavam de camisa, tiravam o chapéu e retornavam para o palco, agora como candidatos e faziam seus discursos de campanha.
Segundo Isaias, a dobradinha economizou em pagamento a músicos e o povo economizou nos votos sufragados.

78 - Deixei minha esposa no “bordel”!

Dias atrás estava lá no estabelecimento comercial especializado em suco de cevada do Diogo Mochila em Vila Falcão quando começamos a conversar com um velho conhecido Teco, igualmente conhecido como Chacrinha. Como é praxe, as reclamações sobre a vida logo começaram e de repente, Teco diz:

- Acabei de deixar minha esposa no “Mona Lisa”...
- Onde???
- No Mona Lisa... ela vende “lingerie”!

Risos gerais da galera lá no Mochila’s!

77 - Cuidado com “vareta”...

Zito Garcia, ex-vereador de nossa Bauru, tem entre seus “passatempos” a pescaria. Certo final de semana saiu em companhia de Mario Uehara com a finalidade de pescar em Arealva. A noite chegou e começaram a andar por uma trilha em busca de um local mais piscoso. Em certo momento Zito ouviu o alerta do companheiro de pescaria:

- Zito... cuidado com a “vareta”...

De forma instintiva, Zito levantou as mãos, buscando proteger a cabeça contra o impacto de alguma vareta. E foi desta forma que espatifou-se dentro de uma valeta de bom tamanho. Havia esquecido que o bom amigo Mário troca o “r” pelo “l”...

76 - Craque da madrugada.

Silvio Luis, o Silvinho, foi goleiro titular do E.C. Noroeste durante um bom tempo, na década de 80, sendo sempre lembrado pelos torcedores noroestinos como um dos bons goleiros que o time teve. Teve um jogo em que o então jovem goleiro falhou em um lance e o Norusca acabou perdendo. Nos vestiários, depois do jogo, o técnico desabafou:

- Pô... a gente quer fazer um trabalho sério e tem jogador saindo na noite, enchendo a cara e depois não tem reflexos, vontade de jogar...

Silvinho que era um jogador caxias, que treinava duro e cuidava de seu físico, não se conteve:

- E quem é o cara? Precisamos saber!
- Cara de pau a sua, hein Silvio. Passou por todas as quebradas na madrugada de sexta para sábado e se faz de santinho?
- Euuuuuu?
- Sim, senhor!

Rápido no raciocínio, Silvio desconfiou do que teria ocorrido e foi embora direto para a casa de seus pais, onde chegou perguntando do seu irmãozinho, o nosso amigo Marquinhos:

- Cadê o fio da fruta do Marcos?

Silvio havia acertado. Seu irmão viu a carteira de atleta dando sopa em casa e não teve dúvidas. Aproveitando a boa fase do Norusca e do mano, saiu dando carteirada nos clubes e boates da cidade. Dizem que começou pelo então Camarim e terminou no forró do Adriano Garcia, sendo bem recebido por todos.

75 - Costela no “Rachid”.

Uma conhecida lanchonete de Bauru, na Vila Falcão, convidou o conhecido vendedor de CD genérico, o Jayminho, para preparar uma costelada para os clientes da casa.
O amigo foi na véspera, iniciou o preparo da encomenda e no dia seguinte, logo às seis horas da madrugada, acendeu a churrasqueira e iniciou o trabalho de assar a carne que seria comercializada a razão de $ 10,00 por pessoa, sem limite de quantidade individualmente. No início da noite, extenuado, tomou uma cerveja e perguntou ao Paulo Roberto, proprietário da lanchonete:

- Quanto devo?
- Bebeu pouco hoje, hein? Só três skol?
- Não deu tempo! Quanto devo?
- $ 17,50.
- $ 17,50?
- Três cerva e sua parte no “ racha ” da costela!
- Então... passa meu troco.
- Troco?
- Sim... minha mão de obra é $ 100,00!
- Ô louco!
- Ô louco é ficar na churrasqueira o dia todo e ter que pagar minha parte!

Moral da história: O mão de vaca não pagou e o Jayminho nunca mais assou costela naquela casa de venda de produtos etílicos.

74 - Corram... que a cana chegou!

Quando do golpe militar de 1º de Abril de 1964, Bauru foi uma das primeiras cidades a prender os possíveis opositores ao novo regime. Meu falecido pai, desceu da “Coréinha”, trem que fazia a ligação entre a Estação Central e Vila Dutra, tendo sido abordado e preso por uma caravana policial comandada pelo então tenente Ventrice. Perguntou qual o motivo da prisão, ouvindo como resposta que era por determinação do Comando Revolucionário. Explicou ao tenente que era o encarregado do Armazém Regulador de Café da Estrada de Ferro Sorocabana e que precisava avisar seus superiores em São Paulo para que fosse designado um substituto. O tenente concordou e foram para o escritório do armazém, onde o velho Pedroso usou o “seletivo” (é isso mesmo, prof. Izaias?) para passar a seguinte mensagem:

- Senhor Diretor: Por ordem do Comando Revolucionário estou sendo preso pelo sr. tenente Ventrice, da Força Pública de Bauru, tornando-se necessário à indicação de um substituto para a função de encarregado do Armazém de Café.

Como a mensagem passada pelo seletivo era ouvida por todos telegrafistas da Sorocabana, em toda a extensão de sua linha, serviu como alerta para que muitos sindicalistas conseguissem se safar das mãos da polícia. Em Osasco, o ferroviário, vereador Reginaldo Valadão, copiou a mensagem de Bauru e gritou, com seu bom humor tradicional:

- Pessoal... o Pedroso de Bauru acaba de avisar que a cana chegou... quem não gosta de garapa e nem de cadeia... é bom dar no pé. Tô indo...tchau...

73– Conselho e rabo...

Tenho um amigo de infância que posteriormente assumiu seu lado feminino passando a atender pelo nome de Karina. Morro mas não conto que em sua carteira de identidade ainda aparece a foto de um másculo atleta de halterofilismo que atende por Alberto nos compromissos oficiais, especialmente na hora de assinar cheques, preencher fichas de hotel ou mesmo na hora de fornecer recibos.
Para Karina, Alberto virou nome de guerra.
E vira um combatente indomável quando alguém lembra de seu nome de batismo.
Pois é, dias desses Karina foi à agência bancária de onde é correntista e acabou por ser admoestado por Serginho de Leme pela constante emissão de cheques sem a devida provisão de fundos.

- Seo Alberto...
- Prefiro Karina...
- Mas no seu cadastro está Alberto da Silveira ...
- Prefiro Karina...
- O.k. ... dona Karina... a senhora precisa domesticar seus dedos e em especial seus ímpetos consumistas pra parar de estourar seus fundos...
- Seo Sérgio... se os fundos são meus, possuo o direito de estoura-los...
- Dona Karina... mas é um conselho que lhe dou...
- Olha... conselho e rabo a gente dá pra quem pede, e não pedi nadica pro senhor...
- Nossa... Dona Karina...
- E tem mais, conselho seu não me tem serventia e o rabo jamais pediria pois não gosto...
- Dona Karina...
- Entra no meu time, caro jovem e lhe arrumarei inúmeros pacus... mesmo tendo este rabo magro...
- Dona Karina... sou casado...
- Pra disfarçar, né nega?

72- Contratação no cinema.

Zé Carlos Coelho, lendário meia-atacante do Noroeste era jogador da Portuguesa de Desportos no final dos anos 50 e acabou entrando em atrito com o técnico Oto Vieira. Certo dia, foi assistir a um filme em companhia de sua noiva e em um dos intervalos foi surpreendido com um aviso no sistema de som do cinema:

- Senhor José Carlos Coelho... no final da sessão... comparecer na “bomboniere” onde o senhor José Regino o aguarda.

Curioso, principalmente por não conhecer Zé Regino, levantou e foi ver o que era. Cumprimentaram-se e Regino comunicou:

- Sou diretor do Noroeste de Bauru e acabamos de comprar seu passe junto a Portuguesa. Precisamos acertar as bases do contrato e marcar sua mudança para lá...
- Bauru? Falaram que eu iria para o Rio?
- É... mas chegamos na frente...

E Zé Carlos acabou vindo para Bauru, avisado durante uma sessão de cinema que tinha sido “vendido” para o Noroeste e acabou sendo um dos grandes jogadores que o Noroeste teve. Obra de Zé Regino.

71 - Conte comigo...

Quando os votos eram em cédulas de papel, a apuração manual demorava de dois a três dias, aumentando a ansiedade dos candidatos. Nas eleições municipais de 1988, no término do primeiro dia da apuração encontro com o saudoso amigo e radialista Adriano Garcia que estava com uma somatória razoável de votos para a vereança. Ao me ver, abriu o sorriso:

- Ô “xonado”... se precisar de alguma coisa... estarei na Câmara...
- Calma... tem muita água para rolar...
- Que nada... tá um “pinga-pinga” muito bom... tô dentro...

No final da apuração, o amigo percebeu que o “pinga-pinga” havia secado e que não tinha conseguido se eleger. Realmente as apurações manuais eram muito mais emocionantes sendo que muitas vezes o candidato ia dormir eleito e acordava derrotado.

70 - Como o “Batalha” é grande!!!

A torcida organizada “Sangue Rubro” do Noroeste com mais de vinte anos de história, tem um repertório extenso de histórias folclóricas ocorridas neste período. Vamos contar uma. O Noroeste foi jogar em Santos e a torcida chegou bem mais cedo com a finalidade de curtir uma praia. Na hora que avistaram o mar, ainda na Imigrantes, o Goela Lilás cutucou o Pavanello e disse baixinho:

- Pava... como é grande o “Bataia” deles, cara!

69 - Como é difícil fazer xixi...

Indo para o pantanal mato-grossense em uma caravana de amigos e sonhando com uma boa pescaria, o Toni Apolônio de São Manuel combinou com o parceiro e amigo Reinaldo os sinais da viagem. Um breve assobio e o piloto Reinaldo parava no primeiro posto para um café, ida ao WC, etc...
Já em território mato-grossense, Toni dá um assobio, Reinaldo estaciona a camionete no primeiro posto e todos vão ao sanitário. Ao saírem, encontram o Toni na porta, fumando. Reinaldo, com seu jeito brincalhão pergunta:

- Ô Toni... por que você assobiou?
- Estava com vontade de fazer aquilo que vocês acabaram de fazer...
- E não fez?
- Cê viu a altura do “mijadô” deste banheiro? Só se fizesse para cima, tentando mirar o buraco do “fio da fruta!”

Os componentes da caravana caíram na gargalhada ao constatarem que realmente a altura do tal “mijadô” tornava seu uso impraticável para o amigo Toni, com seus 1,51 de altura e este xinga até hoje o pedreiro que colocou as tais peças longe de seu alcance.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

68 - Com o tanque vazio.

O falecido Dulcídio Wanderley Boschila, misto de árbitro de futebol e torturador de presos políticos, apitava Bandeirante e Noroeste em Birigui. No intervalo da partida, soube que dali a duas horas haveria novo aumento no preço dos combustíveis. Imediatamente chamou os capitães dos dois times e disse:

- Vamos recomeçar logo esta merda. O tanque do meu carro está vazio e se depois do jogo não encontrar um posto aberto, abro-o à bala...

67- Com os olhos!

Resolvo acompanhar um jogo do Noroeste pela Auri Verde na internet, com a certeza de que alguma coisa surgiria para mandar para o politicando. E surgiu.
Noroeste contra Brasil de Pelotas, o Norusca perdendo de dois a zero e jogando bem. Em certo momento, Jota Augusto pergunta ao Cacau, comentarista do jogo:

- Como você está vendo o jogo, Cacau?

Cacau, visivelmente irritado com o resultado, responde:

- Igualzinho você, ô Jota. Estou vendo com os olhos...
- Ah, é?
- É sim!
- Tábão! Espera o troco, viu garoto!

66- Coisas de bêbado.

Aproveitando a polêmica sobre o horário de funcionamento de bares que está ocorrendo em nossa Bauru, resolvi enviar três historinhas curtas envolvendo o ex-presidente Jânio Quadros e o atual, Lula. Histórias estas de domínio público e que não custa relembrar:
Jânio em campanha para a Prefeitura de São Paulo, em 1985, foi na residência de uma antiga eleitora em seu reduto eleitoral, a Vila Maria e logo de cara a dona da casa ofereceu:

- Presidente... o senhor aceita um copo d’água?
- Minha senhoura... quem gosta de água é radiador de automóvel. Prefiro uma branquinha!

Outra histórica de Jânio foi quando o então jovem Barata de Agudos lhe perguntou:

- Presidente, porque o senhor bebe?
- Bebo porque é liquido, meu filho. Se sólido fosse, come-lo-ia!

E, em 1980, quando do processo de formação do PT Lula veio a Bauru e foi ciceronando pelo então vereador Isaias Daiben. Estavam subindo a Rua Batista de Carvalho quando Isaias convidou:

- Lula, vamos ao Fran’s tomar um cafezinho?
- Que horas são, professor?
- 15 para meio dia!
- Nós não vamos almoçar?
- Vamos sim... ali no Caseiro!
- Pô... então é hora de tomar uma 51 e não café!

Se Jânio e Lula fossem vereadores em Bauru, com certeza esta lei não seria aprovada.

65 - Cobrança pública.

A notícia abaixo, saiu no jornal “A Razão” de Lino Pavan e A Suarez na edição de 18 de outubro de 1919:

“Novos methodos para fazer a América

“No domingo pp., uma pobre mulher analphabeta, com setenta anos de idade, partiu a pé da Fazenda São João para vir a Bauru vender oito dúzias de ovos. Chegando na rua Araújo Leite foi oferecer-os a uma mulher, negociante de ovos, frutas e verduras, sendo combinado o preço de $ 800 réis a dúzia, que perfazia o total de 6$400. Dita negociante deu a velha uma nota de 2$000, uma de 1$000 e 400 réis de nickel. Esta, julgando que a cédula de 2$000 fosse de 5$000, retirou-se satisfeita, e, sem mesmo guardar o dinheiro, entrou numa loja para fazer algumas compras. Qual não foi o seu espanto ao ver que a somma recebida não chegava para pagar os 5$000 de despezas. Correu logo aonde havia vendido os ovos, mas a compradora jurou por “San Genaro” que deu o dinheiro certo. E a infeliz velhinha... voltou a pé para a fazenda, afim de acumular mais oito dúzias de ovos, prometendo nunca mais vende-los para a italiana capitalista.”

64 - Cleptomaníaco...

Encontrei com o Zé Anísio, popular Burcão, lá no Amadeu’s e ficamos jogando conversa fora, regada a uma longa jornada etílica. Chegou um amigo comum, e de repente disse que tinha um amigo muito bem de vida que tinha uma doença, era cleptomaníaco. Na hora foi interrompido pelo pagodeiro Burcão:

- É sempre assim, ladrão rico é cleptomaníaco e gatuno, ladrão de galinhas, de varal o que é? Cleptomaníaco pobre?

Ninguém soube responder.

63 - Cigarro do Paraguai.

O cidadão foi preso com uma grande quantidade de maconha e conduzido para a cadeia pública onde ficou aguardando julgamento. Os amigos cotizavam-se e começaram a enviar coisas, inclusive cigarros, que se transforma em moeda corrente dentro das prisões. Chegou o dia da primeira audiência e tudo correu normalmente. Quando o juiz se preparava para encerra-la, o réu empostou a voz:

- Excelência... gostaria de fazer uma denúncia de suma gravidade. Posso?
- Pois não! Qual é?
- Está ocorrendo contrabando dentro da cadeia e os carcereiros fazem vista grossa!
- Contrabando na cadeia? Do que?
- Cigarro do Paraguai, Excelência! Corre solto lá dentro e os carcereiros fingem que não enxergam! A própria polícia colabora para a evasão de divisas de nossa pátria!
- Ah... é? E a maconha que o senhor vende... recolhe tributos?

62- Chumbo no povo!

Em um passado não muito remoto, moradores de uma região de Barbados passaram pelo desespero de residirem próximos de uma industria altamente poluente. Depois de muita luta a industria foi interditada e os moradores lutam até hoje em busca da cura de doenças contraídas e tentando recuperar a fertilidade da terra. O antigo administrador barbadense nunca atacou de frente a questão, preferindo dar as costas para os reclamos populares e a industria poluente acabou instalando pequenas unidades fabricantes de seus produtos, esparramadas pelos bairros periféricos. O povo reclama, protesta, e de nada adianta. O atual ocupante do cargo mais parece um príncipe adormecido, em estado letárgico, aguardando quem sabe, o fim do mundo. Enquanto isso, seus auxiliares e príncipes herdeiros fazem a festa. Um deles vende produtos de sua empresa particular para a prefeitura, pouco se importando se a legislação o proíba e conta com as benções de uma ungida pelo príncipe. Um outro auxiliar se autoproclama como sendo de “casca grossa” e o que vale sempre é a sua opinião, que infelizmente para a população barbadense nunca é a correta. Foram reclamar para o príncipe adormecido e este respondeu secamente:

- Os incomodados que se mudem!!!

Muitos barbadenses estão aguardando o fim da greve dos funcionários do Rodoviário Mocoquense para seguirem o conselho do dorminhoco e irem embora da cidade.

Ainda bem que estas coisas não acontecem em nossa Bauru...

61- Carteira de motorista explosiva.

“Durante o regime militar, em uma barreira policial foi preso o militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro – MR-8 -, Antonio Carlos, por não ter carta de motorista. Em revista realizada no veículo foi encontrada uma razoável quantidade de explosivos, que o preso negou terminantemente saber a quem pertencia ou sua procedência, e durante meses no famigerado quartel da rua Barão de Mesquita da Polícia do Exército, sustentou que havia sido preso por estar sem carteira de motorista e não houve nada que o fizesse assumir a responsabilidade pelos explosivos.
Às vezes, havia apresentação dos presos a alguma autoridade que aparecia no quartel. Ficavam em fila e, a cada nome chamado, saia de forma e anunciava alto o nome da organização a que pertencia:

- José Carlos gritava o oficial do dia.
- PCBR, respondia o preso.
- Raimundo
- ALN
- Marcelo
- AP
- Antonio Carlos
- Sem carteira de motorista.

A gargalhada era geral e as bordoadas vinham depois.
Acabou saindo meses depois, sem qualquer processo, pois não houve tortura capaz de faze-lo assinar a confissão.”
Lido em “A que horas vem o povo”, de Ricardo Lessa.

60- Carrapato ou Assembléia?

No final dos anos 70 os movimentos populares voltavam a se organizar, inclusive em nossa Bauru. Ressurgia com força o movimento estudantil, surgindo novas lideranças, especialmente na antiga Fundação. Ressurgiam igualmente as tendências políticas e os partidos, organizações clandestinas de oposição ao regime militar criavam seus braços estudantis. Certo dia estava marcada uma Assembléia Geral dos Estudantes no campus da FEB lá em Vila Falcão contra o aumento das mensalidades. Pela tendência do MR-8 – Movimento Revolucionário 8 de Outubro -, estava designado para fazer uso da palavra o então estudante da Faculdade de Comunicações e hoje professor da UNESP, companheiro e irmão, Fábio Negrão.
Começa a Assembléia e nada do Fábio aparecer. O hoje vereador Marcelo Borges, na época militante da APML – Ação Popular Marxista-Leninista -, me pergunta:

- Cadê o Fábio?
- Não chegou ainda!

Perguntava sistematicamente sobre o companheiro e este não chegava. Creio que veículo de locomoção, o Pedrinho – um fusca - havia quebrado no trajeto e Fábio encontrava dificuldades para chegar. Vem de novo o Marcelão:

- Cadê o Fábio?
- O camarada achou que a Assembléia não iria resolver nada e não veio!
- Não veio? E onde ele está?
- Na casa dele. Resolveu ficar tirando os carrapatos do seu cachorro!

Durante bom tempo Fábio desmentia com veemência esta historia inverídica que se alastrou no meio do ME.
Hoje, tão-somente ri... lembrando com saudades os bons tempos.

59- Campanha na Zona Boêmia.

Em 1978 nas eleições parlamentares apoiávamos para Senador da República o Fernando Henrique Cardoso, posteriormente popularizado como FHC. Estávamos com um grupo de emedebistas panfletando no Jardim Redentor, em um sábado a tarde, quando começou a chover e resolvemos partir para a zona do meretrício, afinal as “mulheres da difícil vida fácil” também votam e estaríamos abrigados da chuva. E o interessante é que os cartazes e panfletos de Fernando Henrique fizeram um sucesso danado entres as mulheres ali residentes que os receberam como se fossem de um galã de novelas, colando-os nas paredes, nos armários. A grande realidade é que desde aquela época o FHC já fazia sucesso na zona. Infelizmente para ele, naquele ano, só na do meretrício e não, nas eleitorais, pois Franco Montoro foi eleito senador da República com ampla margem de votos.

58- Candidato “trabaiadô”

Ferroviário, nordestino e político.
Em certa campanha para a Câmara Municipal o cidadão sobe na carroceria do caminhão improvisado em palanque, para levar sua mensagem ao público presente. Grande público, na época romântica dos comícios quando não eram necessárias atrações artísticas para garantia de platéia.
O orador, ferroviário semi-alfabetizado se empolga com o público e tasca:

- Meus amigos, vocês sabem que sou um caboclo trabaiadô e que não tem preguiça. Trabaio o dia inteiro na ferrovia e de noite ainda saio catando uns biscates poraí.

Risadas gerais do público e o vereador acabou sendo reeleito.
Naquela época “biscate” era o nome dado aos serviços extras, avulsos, que o trabalhador pegava para fazer fora de expediente.

57- Cadê o caviar?

Freqüentadores assíduos do Amadeu’s Bar, do Paulinho e da Neuza,costumam se reunir na casa do Brochinha para um desjejum todos os sábados de manhã, antes de partirem para a rotineira jornada etílica. Dias destes, o anfitrião preparou a mesa para o café matinal e aproveitou para fazer uma surpresa para os amigos, abrindo uma lata de caviar português e colocando em um prato. Enquanto acabava de preparar os “comes” na cozinha, chegaram Drigg e Pão Doce, inseparáveis companheiros nas madrugadas bauruenses. Pão Doce, olhou a mesa parcialmente colocada, piscou para Drigg e tascou:

- Óia... óia só o Broxinha... comeu mamão antes da gente e deixou as sementes no prato...

E com o intuito de colaborar com a limpeza jogou as “sementes” no lixo e lavou cuidadosamente o prato, deixando desesperado o anfitrião:

- Cadê o caviar que tava aqui?????
- Tá bêbado logo cedo, ô Bró? Caviar não tinha não... tinha um punhadinho de sementes de mamão.... joguei no lixo!
- Bem que falo... pobre é uma bossa!

56 - Cadê minha mala?

Conforme os ônibus iam chegando nas proximidades de Salvador-BA, conduzindo as delegações que iriam participar do Congresso de Reconstrução da UNE em 1979, eram parados pela polícia baiana que gentilmente davam as boas vindas e explicavam que todos os veículos iriam ficar estacionados em uma área na periferia da cidade com o intuito principal de serem evitados tumultos na capital baiana. Do estacionamento até a Praça Campo Grande, os estudantes seriam transportados gratuitamente por circulares contratados pelo governo do estado sendo que neste local estava montada a central de cadastramento dos congressistas além de serem distribuídas as senhas para o alojamento. Alguns estudantes, dentre eles o hoje vereador Marcelo Borges, foram acometidos pela síndrome de Ubaldo, o paranóico, personagem do imortal Henfil e começaram a achar que era uma armadilha do governador da Bahia, Sr. Antonio Carlos Magalhães. Colocaram na cabeça que seríamos levados para um local qualquer e presos, mesmo porque o governo federal alardeava que não permitiria a realização do Congresso. Com tal premissa na cabeça, resolveram deixar suas mochilas no ônibus fretado. Alguns mais assustados escreveram bilhetes para as famílias e esconderam dentro das roupas onde afirmavam chorosos que se aparecessem mortos, jamais teriam se suicidado etc...
Para surpresa geral, os ônibus nos conduziram diretamente para a Praça Central de Salvador e com direito a escolta policial. Realizado o cadastramento e com as senhas de alojamento em mãos o bloco dos Ubaldo’s conseguiu carona e retornou ao local de estacionamento com a finalidade de pegarem suas mochilas. Lá chegando a surpresa: Cadê os ônibus? A polícia os havia direcionado para outro local, desconhecido pelos estudantes sendo que todos policiais diziam que não podiam informar o verdadeiro local onde os mesmos estavam estacionados.
Muitos ficaram hospedados em casas de família que se prontificaram a recepciona-los. Marcelo Borges e João Queiróz – João Grandão – ficaram hospedados na casa de um casal de classe média que tinha duas filhas de quatro e seis anos, sendo que a mais velha tinha uma forte vocação para ciências aeronáuticas, tendo chegado ao local logo depois dos bombeiros terem debelado um incêndio no quarto de uma das crianças. Depois da interminável viagem e de um dia andando em Salvador, suados, cansados, com o desodorante vencido, tomaram um longo banho e o Marcelo surge na sala com a mesma roupa. Saíram a noite, voltaram e no dia seguinte na hora do café da manhã retorna o nosso amigo com a mesma indumentária. Foram para o Congresso, um calor insuportável e no retorno ao irem tomar banho, Marcelão apanhou a camiseta usada pelo João, analisou, apalpou, cheirou e não teve dúvidas:

- Camarada... está muito melhor que a minha!

E a vestiu, para depois virar pela enésima vez a cueca. O casal de baianos ficava na dúvida: o mau cheiro que persistia no apartamento era resquício do incêndio ou do barbudo de Bauru.
Era do barbudo
!

55- Cadê a calcinha?

Um conhecido militante político bauruense foi ao Motel com uma garota e para variar estava com a grana contada. Só dava para ficar duas horas e a seco, sem poder tomar, oferecer um drink ou mesmo um copo d’água. Próximo a terminar o tempo, vestiu-se e esperava impaciente que a mulher fizesse o mesmo.

- Pô... vamos logo!!! O tempo está vencendo!!!
- Não estou achando minha calcinha!!!

Reviraram o apartamento sobre e sob a cama, geladeira, cesto de lixo, debaixo da TV e nada. O tempo estourando, o camarada nervoso e de repente a mulher diz:

- Você esqueceu de colocar a cueca?
- Ham...?

Abriu a vista da calça e logo percebeu que na pressa havia colocado a calcinha ao invés da cueca.

- Eta nóis! Eu bem que estava sentindo minha cueca muito apertada!

54 - Cachorro grande não é empecilho...

Quando eclodiu o Golpe Militar de 1º de Abril de 1964, ferroviários bauruenses tentaram organizar um movimento de resistência e de apoio ao governo constitucional de João Goulart. Um grande número de ferroviários concentrou-se defronte a sede do Sindicato na Cussy Junior e a manifestação acabou sendo fortemente reprimida pela então Força Pública, com o uso de bombas de efeito moral, cachorros e as temidas “baionetas caladas”. Os ferroviários saíram em debandada, em autêntico “salve-se quem puder” e o militante comunista Oswaldo Trevisan, o Vardô, que dizem ter falecido em decorrência de uma promessa política não cumprida, pulou o muro dos fundos do Sindicato, buscando fugir da fúria policial. Ao cair no quintal vizinho, deparou-se com um cachorro de porte grande. Na dúvida, entre pular de volta e ser preso ou enfrentar o cão, preferiu a segunda opção. Agarrou o cachorro com as duas mãos, atirou-o para longe e escapuliu.
Quem conheceu Vardô, não dúvida jamais desta história.

53- Bússola? Pra quê?

Lá na Capela de Santo Onofre, do irmão Guarú, no Jardim Petrópolis, acontecem fatos incríveis. Dias atrás, apareceu um sujeito oferecendo uma bússola para os freqüentadores. O Sarico pegou, olhou, examinou e devolveu ao vendedor:

- É boa... marca conhecida... mas já tenho...obrigado.

O cidadão resolveu cair na besteira de oferecer o aparelho para o Guarú:

- E pra quê...quero isso?
- Serve para dar a direção, seo Guarú...
- Dá direção? Ora essa! Norte é pra frente, Sul é pra trás! O que mais o aparelho vai me ensinar?

52- Bom dia, boa tarde e boa noite...

Um dos candidatos à Câmara pelo PMDB nas eleições de 1982, embora tivesse experiência de discursar nas assembléias estudantis, acabou por solicitar a um amigo de partido para que lhe escrevesse uma minuta de discurso para utilizar nos palanques. No primeiro comício da dobradinha Gasparini/Tuga, realizado na Vila Industrial, nas proximidades do Hospital Manoel de Abreu, ele foi chamado para falar. Subiu no caminhão, pigarreou, disfarçou, pegou a “cola” e mandou ver: - Senhoras e senhores, bom dia, boa tarde ou boa noite, conforme a ocasião...
Outra do mesmo:
No final desta mesma campanha, já desenvolto, falava de improviso nos comícios e no Núcleo Beija Flor, quando presenteou os ouvintes com esta pérola: - Esta será uma eleição eleitoral como nunca tivemos outra antes!

51- Bolso de pobre.

Outra do Burcão, pagodeiro de Vila Falcão, lá no Amadeu’s. No meio da conversa alguém começa a falar que o governo ajuda muito os carentes e que isso precisa ser revisto. Afinal, precisamos gerar empregos e o poder público não pode ficar enchendo o bolso do cidadão, só porque o cidadão é pobre. Burcão não se conteve:

- Grana no bolso de pobre? Tá bão! Pobre se tiver muita sorte... quando enfia a mão no bolso... encontra cinco dedos e olha lá, hein!

50 - Agitador de massas!

No golpe militar de 64, legionários da Frente Anticomunista – FAC -, liderada por Silvio Marques faziam o papel de polícia, prendendo, soltando, “achacando”. Uma das vítimas foi o senhor Antonio Padilha, que permaneceu preso por diversos dias na Cadeia Pública local. Olavo Fernandes Gil, seu colega de “férias forçadas” relembra que os presos políticos da época brincavam que o velho Padilha, por ser um eficiente “agitador de massas”.
Tinham razão. Padilha era sócio-proprietário das “Padarias Padilha” e agitava com eficiência a massa.... de pão!