quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

61- Carteira de motorista explosiva.

“Durante o regime militar, em uma barreira policial foi preso o militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro – MR-8 -, Antonio Carlos, por não ter carta de motorista. Em revista realizada no veículo foi encontrada uma razoável quantidade de explosivos, que o preso negou terminantemente saber a quem pertencia ou sua procedência, e durante meses no famigerado quartel da rua Barão de Mesquita da Polícia do Exército, sustentou que havia sido preso por estar sem carteira de motorista e não houve nada que o fizesse assumir a responsabilidade pelos explosivos.
Às vezes, havia apresentação dos presos a alguma autoridade que aparecia no quartel. Ficavam em fila e, a cada nome chamado, saia de forma e anunciava alto o nome da organização a que pertencia:

- José Carlos gritava o oficial do dia.
- PCBR, respondia o preso.
- Raimundo
- ALN
- Marcelo
- AP
- Antonio Carlos
- Sem carteira de motorista.

A gargalhada era geral e as bordoadas vinham depois.
Acabou saindo meses depois, sem qualquer processo, pois não houve tortura capaz de faze-lo assinar a confissão.”
Lido em “A que horas vem o povo”, de Ricardo Lessa.

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